sábado, dezembro 24, 2011

Desacordo prolonga agonia da Casa de Sousa Mendes

Desacordo familiar prolonga agonia da casa do "cônsul de Bordéus"

Publicado a 13 DEZ 11 às 07:21

A casa onde viveu Aristides de Sousa Mendes, está muito degradada, apesar ser monumento nacional. A câmara de Carregal do Sal responsabiliza a fundação que tem o nome do diplomata.
 


Recentemente, um grupo de personalidades lançou um apelo público para que o palacete situado em Cabanas de Viriato seja salvo da derrocada. Entre os signatários estão António Barreto, Iva Delgado, Pedro Tamen, Inês Pedrosa e Januário Torgal Ferreira.
No documento, lembra-se que existem projectos para a instalação de uma cobertura e para a estabilização da estrutura muito degradada.
TSF - Noémia Malva Novais
Desacordo familiar prolonga agonia da casa do "cônsul de Bordéus"
Casa do Passal
Esses projectos, foram elaborados no ano passado pelo GECoRPA - Grémio do Património, uma associação de defesa do património, e mereceram a aprovação do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, tendo sido entregues à câmara de Carregal do Sal.
O vice-presidente da autarquia disse à TSF que «há pareceres técnicos» que indicam que as vigas da casa «tanto apodrecem com o Inverno como com o Verão» e que seria melhor aplicar o dinheiro, «uns 200 ou 300 mil euros», num «projecto definitivo».
Luís Fidalgo entende que se deve «começar a construir as coisas de baixo para cima e não de cima para baixo» e garante que quando os desentendimentos na Fundação Aristides de Sousa Mendes forem resolvidos poderá ser formalizado um pedido de apoio ao QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) para recuperar o edificio.

A câmara adquiriu a casa pelo preço simbólico de um euro, mas garante que essa transferência de responsabilidades ainda não foi formalizada, devido aos desentendimentos existentes na fundação, criada em homenagem ao diplomata.
O presidente do Conselho Geral, que herdou o mesmo nome do avô, demitiu há mais de um ano o Conselho de Administração, incluindo o presidente e irmão, Álvaro de Sousa Mendes.
Nas instalações da fundação, em Cabanas do Viriato, é este ultimo quem continua a assumir a presidência, alegando ter sido eleito, por unanimidade, pela família.
Para resolver o problema, o presidente do Conselho Geral pede a intervenção da Presidência do Conselho de Ministros entendendo que «o reconhecimento oficial por parte da secretaria-geral da Presidência do Conselho de Ministros desbloquearia o processo».
O governo nega esta ideia. Fonte oficial do executivo lembrou à TSF que a fundação é privada e a questão de saber quem está à frente dos diversos órgãos é um assunto que tem de ser resolvido internamente.A TSF foi a Cabanas de Viriato e verificou que a Casa do Passal está cada vez mais degradada.
Na região há quem sonhe com um Museu da Paz, como forma de homenagear o diplomata que, desobedecendo a ordens de Salazar, salvou cerca de 30 mil pessoas, incluindo milhares de judeus, durante a Segunda Guerra Mundial. A coragem valeu-lhe o afastamento da carreira diplomática e a proibição de exercer advocacia.
Se a Casa do Passal for recuperada para guardar as memórias desses actos e desses tempos, talvez possam ali ser mostrados, um dia, o livro de vistos e a caneta utilizada por Aristides de Sousa Mendes, objectos que se encontram emprestados ao Museu da Herança Judaica, em Nova Iorque.










 http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=2181173 

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