quinta-feira, março 15, 2007

1987 Sousa Mendes homenageado em Newark, New Jersey

Aristides de Sousa Mendes foi homenageado pelas comunidades portuguesas e judaicas de New Jersey há quase 20 anos.

Depois de uma longa campanha pelos filhos, nomeadamente Sebastião a escrever o livro Flight Through Hell, Joana a escrever numerosas cartas e John Paul a angariar assinaturas na California, Aristides de Sousa Mendes foi finalmente reabilitado em 1987, quando o Presidente Mário Soares viajou a Washington, DC para entregar uma medalha póstuma aos filhos numa cerimónia oficial na Embaixada de Portugal.




Dias depois, na quinta-feira, 21-Maio-1987, os membros da família de Sousa Mendes foram Convidados de Honra num almoço conjunto patrocinado pelo Portuguese American Congress of New Jersey e da American Jewish Committee of New Jersey que reuniu mais de 300 pessoas no bairro luso-americano de Ironbound em Newark.






Este evento, da iniciativa e organização de Mariana Abrantes, juntou emigrantes portugueses e americanos de origem judaica numa das primeiras homenagens a Aristides de Sousa Mendes na costa leste dos Estados Unidos,quando o seu nome e o seu Acto de Consciência eram ainda desconhecidos.














O processo por sua reabilitação somente se iniciaria anos após a derrubada da ditadura militar, em 25 de abril de 1974, com a eclosão da "Revolução dos Cravos". No entanto, o chamado "Caso Sousa Mendes" e a história de seu protagonista só vieram a público em Portugal em 1976, com a publicação de um artigo do jornalista Antonio Colaço, no Diário Popular. Em 1979, mais um texto, dessa vez do escritor Antonio Carvalho, é publicado no jornal A Capital.

Oito anos mais tarde, é dado o primeiro passo para a redenção de Sousa Mendes, na Embaixada de Portugal em Washington (EUA), e, em 24 maio de 1987, o então presidente Mário Soares concede, postumamente, ao diplomata, a Ordem da Liberdade. Um ano depois, o Parlamento português o reabilita oficialmente, por unanimidade e aclamação, e sua família recebe uma indenização por perdas e danos.

Fonte: http://www.morasha.com.br/holocausto/aristides-sousa-mendes.html

2 comentários:

helvia vorcaro disse...

Hoje fiquei ainda mais orgulhosa de minha origem portuguesa! Saber de Sousa Mendes foi uma grande surpresa. Em tempos bicudos, sua trajetória de vida nos faz refletir. Li sobre ele na coluna de Elio Gapari. Segue o texto:

ELIO GASPARI

Nem Salazar nem Cunhal; viva Sousa Mendes
Tirou terceiro lugar. Foi dele a maior operação de resgate conduzida por uma só pessoa durante o Holocausto

DEPOIS DO ESPANTO causado pela entrega do título de "Grande Português" à memória do ditador Antônio de Oliveira Salazar (1889-1970), vem estupefação: o segundo colocado foi o stalinista Álvaro Cunhal, que dirigiu o Partido Comunista de 1961 a 1992. No mês dos 33 anos do renascimento da democracia no além-mar, 60% do eleitorado que participou da competição telefônica de uma emissora de televisão dividiu-se entre o que Portugal infelizmente foi e aquilo que felizmente não quis ser.
Mesmo assim, as coisas boas também acontecem e Aristides Sousa Mendes foi o terceiro colocado, com 13% das preferências, contra 19% dadas a Cunhal.
A amostra foi pequena e viciada. Num país de 10 milhões de habitantes, os telefonemas válidos foram 160 mil. Nada a ver com os 55 milhões de chamadas do "Big Brother" brasileiro. De qualquer maneira, quando Luís de Camões fica em quinto lugar, com 4% dos votos, as coisas não vão bem. Contudo, é o poeta quem ensina:
"Quem há que por fama não conhece
As obras portuguesas singulares?"
Aristides Sousa Mendes e sua posição no certame são uma obra portuguesa singular. Conhecê-lo é uma dádiva. Ele nasceu em 1885, numa família católica da aristocracia. Passou pela Universidade de Coimbra e caiu na carreira diplomática. Rodou por Guiana, Zanzibar, Porto Alegre, São Luís e Curitiba. Estava no consulado do porto francês de Bordeaux quando estourou a Segunda Guerra e chegou-lhe uma circular determinando que não se concedessem vistos a judeus.
A cidade transformou-se em corredor de saída para dezenas de milhares de refugiados impotentes e Sousa Mendes distribuiu resmas de vistos em branco, assinados e carimbados. Calcula-se que tenham sido 30 mil em poucos dias. Foi a maior operação de resgate conduzida por uma pessoa durante o Holocausto. Ele recordaria: "Quantos suicídios e outros atos de desespero se produziram, quantos atos de loucura de que eu próprio fui testemunha?"
Salazar mandou dois funcionários para trazê-lo de volta a Lisboa. Sousa Mendes foi para Bayonne e emitiu mais vistos. Quando a polícia da fronteira com a Espanha foi avisada para não honrar sua assinatura, escoltou judeus abrindo caminho com seu carro oficial. Chegou a empurrar portões. Levado a Lisboa, foi expulso do serviço público. Perseguido pelo ditador, Sousa Mendes perdeu o patrimônio da família (a pecúnia, bem entendido porque, em 1944, dois dos seus 14 filhos saltaram sobre a Normandia com as tropas aliadas).
Nada permitia supor que aquele aristocrata monarquista e cinqüentão agisse daquela forma. No seu encontro com a história, realizou a obra portuguesa singular.
Sousa Mendes morreu em 1954, doente e miserável. Alimentava-se em centros de caridade da colônia judaica. Seus bens foram leiloados e sua casa senhorial virou galinheiro. Nada se escreveu sobre ele, além do que se gravou na lápide: "Quem salva uma vida salva o mundo".
Hoje ele é uma glória de Portugal e nome de praça em São Paulo. Tem busto em Bordeaux e parque em Montreal. Vinte árvores foram plantadas em sua memória na Floresta dos Mártires, em Jerusalém.

Amigos de Sousa Mendes disse...

Ler o testemunho do filho
Luis Filipe de Sousa Mendes
http://www.sousamendesfoundation.org/luis-felipes-testimonial/